quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Diferenças... parte 2

Até onde vai este amor entre homem-mulher? Não me parece ser maior que o Amor puro pelo ser humano (o Amor pelo próximo na percepção divina). Mas me parece ser maior do que o amor entre amigos e o amor entre familiares. Em 1Corintios, na Bíblia, há também uma passagem que diz que uma forma do homem ter a certeza de que encontrou sua esposa, é quando o seu amor por ela for maior do que o seu amor por sua mãe. Sim, isso faz muito sentido. Quando amamos uma outra pessoa, com quem pretendemos nos casar e ficar junto, então criamos com esta pessoa uma nova família. Passaremos da nossa atual família, de pais e irmãos, para a nossa própria família, onde seremos os pais. Quando constituímos uma nova família (ainda que apenas um casal) então nossos pais e irmãos se tornam parentes, familiares e não mais a nossa família. Por isso devemos sim amar mais o nosso grande amor, nosso verdadeiro amor, do que os nossos pais, para podemos realizar essa mudança de família sem problemas.
Quando isso ocorre, não há influências de pai, de mãe, de irmãos, que impeça-o de ser feliz com seu grande amor. Ou seja, seu amor por sua parceira ou seu parceiro é maior do que seu amor por seus pais, irmãos, avós, etc. Ainda que sejam amores diferentes, há uma força maior.

E quanto ao amor na amizade? Também penso que é maior. Como disse no início do texto, sei que muitas pessoas consideram a amizade mais importante. Porém eu penso que o amor verdadeiro por sua parceira (seu parceiro) é ainda maior. Amizade dura por toda a vida. Um grande amor dura por toda eternidade, através de várias vidas.
Mas para surgir o amor, deve-se ter a amizade. Se há amor na amizade, é porque há elementos da amizade no amor. Só que há muito mais no amor entre homem-mulher. Se não o for, cairá na mesma questão dos familiares que podem influenciar um relacionamento. Amigos são importantes e podem influenciar de forma positiva sim, mas não definir um relacionamento onde existe um amor verdadeiro.

Muitas pessoas acreditam que se uma relação atingiu um determinado grau de amizade, então não há como os dois namorarem e se amarem. Eu penso o contrário. Só é possível se amarem de verdade quando há um grau elevado na amizade, pois isso significa dizer que já existe de antemão entre essas pessoas, o outro tipo de amor, o amor da amizade, e com ele a cumplicidade, a fidelidade, o companheirismo, o doar-se, dentre outros elementos existentes no amor de um casal. É como se fosse já meio caminho andado.

Pois bem, se quando há grande amizade, há mais chances de um amor verdadeiro, o que faz com que uma amizade se transforme em amor? Em que momento isso ocorre e o que faz ocorrer? A vivência é um elemento. A sintonia é outro. A percepção apurada, o despertar, o sentir a outra pessoa também. Quem não conhece histórias de pessoas que buscavam tanto um grande amor e quando perceberam, seu grande amor sempre esteve perto, ao lado, sendo um amigo ou amiga? Isso ocorre muito, principalmente quando a pessoa consegue ter aquele ‘estalo’. Quantos casais não começaram quando dois amigos se olharam e ‘puff’, perceberam que tinham tudo em comum, que eram muito queridos um pelo outro? Nem todo amor se inicia de uma paixão ardente. Aliás, uma coisa é paixão e outra é amor, embora haja no amor os elementos da paixão, mas não o contrário.

Entendo paixão como uma intensidade muito grande, mas em desequilíbrio. O amor possui a mesma intensidade, e até maior, mas em equilíbrio, em harmonia. Não quer dizer que paixão seja ruim, claro que não. Apenas estou procurando diferir ela do amor. Muitas amizades começaram por paixão também. Depois que este diminui, percebem que não era amor, apenas amizade. E em alguns destes casos, a amizade cresceu posteriormente e então veio o amor. Não há uma regra definida quanto ao início. Mas há quanto a continuidade, a saber: A vivência, seja para perceber o amor, seja para manter o amor, seja para fortalecer o amor.

Quer dizer então que se eu me apaixonar, não vou amar? Não, quer dizer apenas que se você se apaixonar, isso não é amor. Vai ser preciso existir uma amizade forte entre vocês, ainda que já em namoro, para que possa surgir o amor. É como se a amizade fosse um solo fértil para que o amor cresça. E as ações do dia a dia fossem você regando este solo, esta semente de amor, para que cresça e fique forte.
Quando existe apenas paixão, a intensidade em desequilíbrio, num casal, há sempre a possibilidade de que um simples desentendimento acabe com tudo. Isso porque um desentendimento gera mais desequilíbrio, que por sua vez não consegue ser administrado por uma força que já está em desequilíbrio, a paixão. Ao contrário do amor, que é uma força intensa em equilíbrio, capaz de entrar em ressonância com as energias em desequilíbrio que surgirem, a ponto de re-equilibrar todas elas. Converse com um casal de idosos casados há anos e felizes. Eles dirão que passaram por muitos problemas e superaram. Pois tinham o verdadeiro amor, a força intensa de equilíbrio capaz de ajuda-los a superar estes momentos. Brigaram muitas vezes, mas souberam que havia um amor ali e que isso era maior que qualquer outra coisa.

E como percebemos quando estamos amando um amigo ou uma amiga? Antes de tudo, é importante dizer que não é preciso que você já esteja amando. Você pode estar propenso a amar, pode estar com um envolvimento tão forte, um sentimento tão forte por alguém que já é seu amigo ou amiga, que basta um namoro, um tempo de convivência, para que o amor verdadeiro entre vocês surja. Isso não significa dizer que você deve então sair namorando com as pessoas na esperança que daí surja seu grande amor. De forma alguma. Isso seria um movimento do ego e não do coração, ainda que camuflado sob o prisma do ‘desejar um amor para sua vida toda’. Mas não é assim que o amor vem. Pelo contrário, neste ponto há um ditado chinês que cabe muito bem aqui: “Cuide do seu jardim, e as borboletas virão”. É a mesma coisa. Cuide de si mesmo, do seu coração, das suas virtudes, da sua integridade, do seu amor pela vida, por si mesmo, pelos outros, e irradiando este amor, com certeza seu grande amor virá, atraído por ti.

Lembre-se do exemplo que dei anteriormente, do casal de amigos que tanto buscavam por um amor e que somente quando conseguiram parar um pouco a tempestade em seus corações é que puderam perceber que este amor estava ao seu lado o tempo todo. Acalme seu coração e ao invés de buscar desesperadamente um amor, apenas seja amor.

Quer dizer então que eu já devo olhar para os meus amigos e amigas pensando que podem ser meu grande amor? Não, também não é assim. Este comportamento é igual ao que acabei de citar. Correr atrás. Não vai adiantar você agora querer namorar todos seus amigos e amigas na esperança de que um deles seja seu grande amor. Isso seria o mesmo que ficar beijando todos os sapos que encontrar na esperança de que um deles se transforme em seu príncipe (ou princesa)! Não faça isso. Apenas deixe fluir. Faça a amizade dar certo. Espere para ver se vai surgir algo depois de um tempo, algum sentimento mais diferenciado. Aproveite a amizade inicial. Cultive ela. Não queira logo transformar o outro em seu grande amor e vice versa. Também não fique vigiando para ver se isso ocorre. Não há um momento exato em que uma amizade deixa de ser apenas uma amizade e começa a ser amor de casal. Deixe fluir.

Até porque não adianta apenas um dos lados pensar que o outro é seu grande amor. Isso ocorre muito em relação a apaixonar-se, a encantar-se. Um dos lados se apaixona ou se encanta pelo outro sem existir uma correspondência. A amizade neste ponto pode se tornar instável, e até terminar, a menos que já exista um amor de amizade muito forte que consiga lidar com isso e superar. Pois um amor de amizade verdadeiro também é mais forte que uma simples paixão ou encantamento. Isto passa e a amizade continua. Talvez por isso muitas pessoas confundam e acreditem que uma amizade é mais forte que um amor de casal. Não é, mas é mais forte que uma paixão ou um encantamento.

... Parte 3!

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